segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

GUERRA DOS MASCATES (1710)


                                 GUERRA DOS MASCATES (1710)


      No início do século XVIII, o crescimento da cidade do Recife e a ascensão dos comerciantes dessa cidade, conhecidos como "mascates", constituíam uma afronta à aristocracia açucareira de Olinda, já em plena decadência. Entre as causas principais desse antagonismo figuravam principalmente a ruína da antiga capital pernambucana, incendiada em 1631 pelos invasores holandeses e o espírito nativista dos pernambucanos que nunca puderam tolerar a ascendência dos portugueses, os quais, como negociantes, eram, de ordinário, credores por fornecimentos feitos aos ricos senhores de Olinda.
      Existia ainda a ambição do poder político: os portugueses viam-se sempre excluídos dos cargos municipais, pelo que pediram muitas vezes à Coroa fosse o Recife elevado à categoria de cidade, o que aconteceu em 1710.
      Erigiu-se o novo município, segundo os dispositivos do direito português, levantando-se na praça municipal o pelourinho, símbolo da autoridade e da justiça. Esse cerimonial foi feito quase às escondidas e à noite.
      Ao amanhecer, Recife já era cidade e foi dado provimento aos ofícios competentes. O presidente da Câmara Municipal de Olinda dirigiu-se ao governador e exigiu que fosse retirado da praça o símbolo da cidade do Recife, inaugurado antes. Foi logo preso pelo governador.
      Houve então um atentado na pessoa do governador e um contingente do governo tentou aprisionar um olindense, acusado do crime. Houve reação e as forças do governador foram batidas. E travou-se então a luta.
      A nobreza de Olinda convocou todo o povo e, em breve, se achavam em armas mais de vinte mil homens, que iniciaram o cerco de Recife.
      O governador, que se achava doente em conseqüência de um ferimento recebido na luta, não podendo resistir, nem receber recursos de outras capitanias, resolveu entrar em negociação com os rebeldes, propondo-lhes a entrega dos presos olindenses em troca do desarmamento dos rebeldes.
      Responderam-lhe os olindenses que eles próprios poriam em liberdade os prisioneiros quando quisessem e que vinham buscar a cabeça do governador. Reconhecendo que havia perdido a partida, Castro e Caldas tratou de embarcar para a Bahia.
      Entraram os sitiantes em Recife, onde arrasaram o pelourinho e, reunidos num comício, organizaram um governo provisório composto de seis membros, todos brasileiros.
      Em seguida foi entregue o governo ao bispo D. Manuel Álvares da Costa, como substituto do governador, até à chegada do novo chefe do governo.
      Houve ainda luta de ambos os lados até que, em fins de 1711, tomou posse do cargo de governador ou capitão-general de Pernambuco, Félix José Machado de Mendonça, que restabeleceu a ordem, garantida pela carta régia de D. João V, de abril de 1714, pela qual Recife conservou os privilégios municipais, repartidos com Olinda.
      Em 1715, com a chegada de um novo governador, D. Lourenço de Almeida, a situação se normalizou definitivamente.
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